Mas se não é dor...
Então me explica o que é isso que está tentando arrancar minha alma daqui de dentro? Por que tantas lágrimas rolam sem censura na face marcada pela angústia?

A sensação aguda que incomoda o íntimo agora mastiga cada fibra do meu corpo, sem compaixão, sem pena e não se importa com meus gritos silenciosos que ecoam dentro do peito.

A aflição está aqui! Está vendo? Bem aqui ó... dentro do coração. Alojado num cantinho, pintando as paredes dessa morada com uma cor gris, sem brilho. Consegue ver?

Não! Juro que não a convidei. Ela invadiu minha vida sem nenhum aviso prévio e agora vivo chorando pelos cantos. Um choro solitário, receoso e amuado.

Sim, eu tenho medo. Estou com medo agora! Estou insegura de tudo. As mudanças me apavoram e com tantas pessoas em minha volta, nunca me senti tão só, tão distante da realidade...

Vasculho no fundo de meu âmago e agarro-me nas últimas forças disponíveis que encontro. E ensaio um único passo. Sinto os joelhos da minha alma se arrastando num esforço sobrenatural para não sucumbir aos delírios desse náufrago que se encontra minha vida. E dói... E sangra...

Esse sorriso meu bem, não se engane. Nada mais é que a máscara de um padecimento intermitente, tão quanto ruidoso.

Mas se eu chorar diante de ti, não seque minhas lágrimas... somente me abrace bem forte.
E em seus braços, que eu possa encontrar aquele pouquinho de aconchego que a vida me tirou...